American Psycho
Os anos 80 foram considerados a década mais brega do século 20. Foi a
época onde o glamour, a riqueza, o poder, a música e os fashion
statements chegaram ao ápice do exagero e da exorbitância. Tudo o que
já era fora do normal na sociedade, foi maximizado, adotanto assim
caracteristicas quase cartoonescas. Para se fazer um filme satirizando
os modismos e a mentalidade desses anos só seria necessário uma alta
dose de arrogância e cínismo envolta em muito Armani e Gucci - sem
deixar de exagerar nas ombreiras e nas atitudes.
A diretora Mary Harron ('I Shot Andy Warhol') tomou o desafio de
filmar um livro que satirizava justamente essa época e seus maiores
exponentes - os yuppies. American Psycho, baseado no best seller de
Bret Easton Ellis, tornou-se um filme que prometia seguir a mesma
polêmica causada pelo livro, mas encontrou seu propósito junto ao
público e a crítica. O filme é uma sátira aos yuppies e seus modismos.
Harron diz que a estória de Ellis é intensamente feminista e por isso
ela a escolheu para transformar em filme. "American Psycho é uma visão
cruel do comportamento desses caras. Não é laudável. É uma sátira
brutal" - comenta a diretora.
A verdade é que o 'buraco' de American Psycho é muito mais simbólico
do que nossa vã e simplória intuição nos faz deduzir. Pelo título e
sinopse já vamos concluindo que esse é mais um filme sobre os vícios
podres da sociedade americana - Ah, essa praga dos serial killers!
Quando vamos nos livrar desse estigma da violência e das matanças sem
motivos? Mas não é por esse caminho que a estória nos levará.
Patrick Bateman (Christian Bale) é um jovem executivo do Wall Street,
que está rico investindo na bolsa sem fazer muito esforço. Ele passa
seus dias cuidando do seu visual, ouvindo música, fazendo sexo com a
noiva de um de seus colegas e comendo em restaurantes refinados com
seus amigos, tão yuppies e tão esnobes quanto ele. A cocaína e o sexo
rolam soltos, assim como a inveja, a luxúria, a traição e a cobiça. A
competição por status e poder chega ao ponto máximo quando Bateman,
não conseguindo mais controlar seus impulsos de ambição e cíumes, mata
um de seus colegas e competidores a golpes de machadinha. Começa aí a
jornada sangrenta do yuppie, que passa então a matar todos que passam
pela sua frente, encontrando no assassinato sem propósito mais uma
fonte de prazer para alimentar a sua vida vazia e fútil.
American Psycho choca mais pela crítica e sátira dos comportamentos
sociais depravados de uma época de exageros, do que pela violência da
matança desenfreada de seu protagonista. No final vamos nos
surpreender com o fato que a violência sútil e subjetiva pode ser tão
vilanesca e destrutiva quanto uma cena real do seriado Cops.
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