Bringing Out The Dead



O novo filme do Martin Scorsese está nas telonas do cinema. E não tem mafiosos, nem personagens com sotaques macarrônicos. Não tem violência. Não tem sexo. Não parece um filme atraente, mas é um Scorsese e traz Nicolas Cage no papel principal. Cage é um ator famoso por ‘incorporar’ suas interpretações e ir até a beira do precipício para torna-lás convincentes. Bringing Out The Dead é um filme sobre paramédicos – aqueles que vão nas ambulâncias pelas ruas das cidades, atendendo a chamados nas tragédias e desastres.

Entramos no cinema para ver Bringing Out The Dead, porque o filme que queríamos realmente assistir (Crazy In Alabama – dirigido pelo Antonio Bandeiras) já tinha começado. E não estávamos esperando muito da estória das ambulâncias. Mas como um filme que abre a tela inicial com a música T.B.Sheets do Van Morrison pode ser ruim? Nos ajeitamos confortavelmente na cadeira do cinema. Are you ready for the ride, babe??

"And the sunlight shining through the crack in the window pane numbs my brain, oh Lord."

Frank Pierce é um paramédico dirigindo uma ambulância pelas ruas e becos de New York já há cinco anos e está, a estas alturas da sua carreira, à beira da insanidade e do ataque de nervos. Ele trabalha em turnos numa profissão altamente estressante. Pierce quer ser despedido, quer desistir do trabalho que está lhe trazendo mais problemas do que realizações. Este era um trabalho recompensador, até que ele começou a ser perseguido por fantasmas de pacientes que não conseguiu salvar, e começa a acreditar que todos fatalmente acabam morrendo nas suas mãos.

O filme nos leva numa carona vertiginosa e até divertida, nos obrigando a testemunhar as mais diversas tragédias cotidianas da cidade grande e opressiva. São ataques cardíacos, overdoses, tentativas de suicídio, tiroteios, acidentes e até partos de bebês. O ritmo alucinado é constante e necessário. A escória da cidade se mata e se auto-violenta por todos os apartamentos minúsculos, ruas imundas, becos escuros e grita desesperada por ajuda. Mantê-los vivos, antes de empurrá-los pelos corredores lotados dos E.Rs. dos hospitais, é o trabalho desses profissionais que ninguém quer ter o desprazer de conhecer.

Bringing Out The Dead é uma adaptação ( feita por Scorsese e Paul Schrader – a mesma parceria de Taxi Driver) do livro homônimo de Joe Connelly, que também foi um paramédico por mais de dez anos na cidade de New York.

O roteiro é frenético com uma trilha sonora perfeita ( The Clash, R.E.M., The Who, UB40 e até Mama Joplin quando ainda era só uma mera integrante do Big Brother & The Holding Company). O elenco coloca com naturalidade as estórias de tantos pequenos dramas cotidianos e nos faz desprezar a esterilização da tragédia, que programas como E.R. ou Chicago Hope fazem. Bringing Out The Dead is a trilling ride!!

"I gotta go, I gotta go and you said, "Please stay, I wanna, I wanna,I want a drink of watér, I want a drink of watér, go in the kitchen get me a drink of watér." I said, "I gotta go, I gotta go, baby."






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