The Contender
O vice-presidente dos Estados Unidos morre. A vaga fica aberta. O presidente Jackson Evans (Jeff Bridges) tem um candidato em mente: a senadora democrata Laine Hanson (Joan Allen). Ele se recusa a indicar o governador Jack Hathaway (William L. Petersen) que acabou de ter um episódio de heroísmo e está sendo cogitado como o melhor candidato para o cargo. Mas o presidente escolhe a senadora. Seus adversários vão fazer de tudo para derrubá-la. E vão usar os artifícios mais covardes para tanto. Eles vão colocar em dúvida o caráter da senadora. A vida pessoal de um político é relevante e interfere na qualidade do seu trabalho e na sua competência profissional como líder de uma nação? Um homem público pode cometer deslizes sexuais durante a sua carreira. E a mulher? Escândalos de natureza sexual podem ser usados para manipular a opinião pública? Se Clinton pôde ter seu affair e ser perdoado, como ficaria a situação se o caso envolvesse uma mulher em cargo público? E a imprensa tem o direito de fazer perguntas tão pessoais? E o povo tem o direito de julgar detalhes da intimidade de seus políticos?
O congressman republicano Shelly Runyon (Gary Oldman numa soberba atuação vilanesca) investe numa cruzada para derrubar a candidatura da senadora e colocar o seu preferido na vaga. Os seus ataques põem em dúvida o caráter da candidata, usando uma acusação de orgia sexual em que supostamente a senadora participou, quando ainda era uma estudante na universidade. Laine
Hanson se recusa a comentar, responder ou explicar as acusações que lhe são feitas. Seus princípios morais e políticos são rígidos e ela se coloca firme durante do seu julgamento público. Sua postura é idealista e honesta.
O diretor Rod Lurie escreveu e produziu The Contender para a atriz Joan Allen. Seu papel é o de uma heroína política e ela carrega a bandeira do liberalismo do Partido Democrata, fato que gerou a acusação de que o filme teria usado o tema deliberadamente, como um veículo de propaganda para a candidatura do vice-presidente Al Gore à presidência dos Estados Unidos. O filme carrega o estigma e o rótulo de 'filme político', o que poderia levar muitos à concluir que The Contender é um filme chato. Mas o diretor dosou bem as discussões ideológicas, com ação e glamour. O final é previsível e pisa levemente no terreno da pieguice, mas quem se importa com chavões cinematográficos, se o que queremos é ver o Bem vencer o Mal e assim reassegurar a soberania da nação mais poderosa e democrática do mundo. E depois das eleições deste ano, nos Estados Unidos, só desejamos umas poucas horas de ilusão dentro do cinema, pra nos livrar dessa sensação surreal, causada pela realidade política atual que estamos vivendo.
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