Verão/ 97



Estou experimentando um longo e tórrido verão (meu terceiro seguido, desde o último que passei no Canadá) na dream land of Califórnia, o estado mais rico dos Estados Unidos. E não está sendo fácil, pois aqui, no campus da University of California em Davis, estou aprendendo o real significado da palavra "calor"... Descrever o meu suplício climático será perda de tempo, pois esta é realmente uma terra de extremos. Como se já nao bastasse ter a capital mundial do cinema sob seus domínios, a Califórnia - que também foi o berço dos Beatniks, dos Hippies e do Movimento Gay - hospeda um dos mais produtivos setores do campo da informática, que ficou conhecido mundialmente como o Silicon Valley. Só para se ter uma idéia do que se passa por aqui, nos últimos 5 anos o estado da Califórnia tem registrado mais patentes do que recém-nascidos. E os créditos vão todos para o produtivo e glamouroso Vale do Silício.

Portanto, meninos e meninas, realmente não sei por onde começar a contar minhas estórias, porque para cada lado que viro é uma torrente de informações e novidades, para deixar qualquer um tonto. Como eu tenho uma personalidade comunicativa, gostaria de poder falar sobre tudo e todos, me consolidando definitivamente como a sua fofoqueira internacional predileta! Mas vou me restringir aos assuntos de que mais entendo - cinema, música e cultura!





A MTV, que no Brasil anda batendo recordes nos números de vide-clips nacionais exibidos, está sutilmente anunciando seu desligamento do que já foi um ícon de uma geração - os video-clips. A MTV americana, que comecou transmitindo 24h de música para seus maravilhados telespectadores na década de 80, está aos poucos substituindo os video-clips por programas de entretenimento e variedades. Shows medíocres, pobres, deprimentes e com conteúdo "zero" estao tomando conta da MTV. Programas como ­The Real World" (de uma falsidade escandalosa) , "Single Out", "MTV Sports" (deixe esportes para o canal de esportes, please!), "The Jenny McCarthy Show" (comandado por uma loira grossa e vulgar), "Apt.2F" (babaquices de dois "jerks" num apartamento) ou o talk show "Oddville, USA", estao dando à MTV um caráter gen X.





No aniversário de 20 anos de morte do rei do Rock n" roll somos bombardeados pela mídia, sedenta de sensacionalismo. A obsessão dos americanos pela vida e morte do Elvis Presley só se compara ao idêntico fanatismo que eles têm pelos Kennedys e pelos UFOS.... Então agüenta reportagens com a ex-namorada, com as primas, a amiga do vizinho, toda espécie de especulação possível a respeito de sua condição (morto, vivo ou morto-vivo?), re-runs de especiais dos anos 70 e 80, dos shows, lançamento de caixas de CD , caixas de filmes (com todos aqueles xaropes que cansamos de assistir na Sessão da Tarde da Globo) e etc, etc, ad nauseum!



Mas para quem gosta de freqüentar show dos "vivos", Sacramento e San Francisco não deixam ninguém desapontado. A listinha dos que vão passar por aqui em setembro inclui Range Against The Machine, Alice Cooper, Morrissey, Live, Sheryl Crow, k.d.Lang, David Byrne, Counting Crows, The Wallflowers, ZZ Top, John Fogerty (do Credence Clearwater Revival), Zigg Marley, Beck, o excêntrico e maluquete David Helfgott (o Shine) e até o Gilberto Gil....Tem pra todos os gostos!

No cinema, tem filme de verão que ainda não chegou às telas, tal o volume de lançamentos nesta estação.

Titanic - o super-mega filme de James Cameron ­ que gastou 200 milhões de dólares para romancear a tragédia do navio, traz Leonardo de Caprio no papel de um passageiro da terceira classe que se envolve com uma ricaça durante a trágica viagem. Para o filme, que tem três horas de duração, o Titanic foi reconstituído com minúcias. É a volta dos filmes-tragédias dos anos 70, com uma grande dose de sofisticação.

Excess Baggage - A velha estória da menina rica e mimada (Alicia Silverstone), que para chamar a atenção do pai ausente, forja seu próprio seqüestro. Um pobretão (Benicio del Toro) entra de gaiato na confusão e, entre correrias e situações mirabolantes, o romance acontece.

Cop Land - Um filme de policiais corruptos, estrelando Silvester Stallone. Ôpa, não pense que Mr. Sly irá nos mostrar seu corpo atlético e sua cara de mau... A surpresa do filme é justamente a figura de um Stallone envelhecido e gordo, fazendo o papel de um xerife de uma pequena cidade em New Jersey , que gasta seu tempo livre jogando pinball e ouvindo Bruce Springsteen. Cop Land tambem traz Robert de Niro, Ray Liotta e Harvey Kaitel, todos feios, gordos, enrugados, perebentos e cheios de maus-bofes. A estória é fraca, mas vale a pena para ver Stallone atuar, sem ter que mostrar nenhum músculo.