Finding Forrester
Finding Forrester tem cara de Good Will Hunting. Foi impossível não comparar os dois filmes do diretor Gus Van Sant. Até o ator que faz o Will Hunting (Matt Damon) aparece numa pontinha em Forrester, como o advogado do escritor recluso , William Forrester [Sean Connery).
A trama é interessante: o menino prodígio Jamal Wallace (Robert Brown), vive numa área pobre no Bronx e freqüenta uma escola comum, onde ele se esforça para não se sobressair. A única coisa que ele realmente faz bem é jogar basquete, pois neste esporte todos os seus amigos também são bons e ele pode se sentir parte de um grupo. Mas quando ele tem que fazer uns exames de avaliação para a escola, suas notas surpreendem e ele ganha uma bolsa de estudos para um colégio preparatório, em Manhattan. Jamel escreve o tempo todo. Ele tem caderninhos que carrega consigo o tempo todo e nos quais está sempre fazendo anotações.
Os amigos e turma do basquete do Bronx conhecem o cara que mora no apartamento da esquina como o 'Janela', porque é através dela que ele se mostra - de binóculos, olhando ou filmando o que se passa nas ruas. Jamel é desafiado pelos amigos a entrar na casa do estranho morador recluso e é pego em flagrante e na fuga deixa para trás a sua mochila com seus cadernos. A partir daí se inicia uma amizade inusitada, pois o 'Janela' é ninguém menos que o grande escritor William Forrester, que escreveu uma obra-prima, ganhou o prêmio Pulitzer e se afastou da sociedade, transformando-se num mito. Forrester lê os cadernos de Jamel, faz correções e torna-se seu tutor, ensinando o menino a direcionar o seu talento de escritor.
As melhores cenas do filme são as de Connery e Brown no apartamento do escritor, quando este ensina o menino pobre e prodígio do Bronx como escrever. E os dois vão conhecendo-se melhor, enquanto escrevem. Forrester ensina ao seu discípulo Wallace que primeiramente um escritor deve trabalhar com o coração, escrever tudo o que vier, num fluxo, sem preocupações. Feito isso, entra o trabalho intelectual, da cabeça, que vai ser racional e fazer as correções. O menino segue os conselhos de seu tutor e inicia sua carreira de escritor, que ainda será dividida com o seu desempenho no time de basquete da escola nova.
O problema com Finding Forrester é que parece que Gus Van Sant não conseguiu fugir de certos clichês. Como Jamel é negro, pobre e joga muito bem basquete, um professor da escola preparatória, Crawford (F.Murray Abraham, especializando-se em vilões asquerosos) , não acredita que os ensaios e textos do rapaz foram escritos por ele próprio. Outro clichê é a menina rica e branca, filha de um dos diretores da escola, Claire (Anna Paquin) que se envolve romanticamente com Jamel. Busta Rhymes faz o irmão simplório de Jamel, que ganha a vida como segurança de um estádio de baseball. Todo essa trabalho pra fazer um contraste e destacar o menino da sua família e amigos do Bronx. Mas os clichês não param por aí e estragam o final do filme (que eu não vou revelar… êpa!), deixando um cheiro de pieguice por todo canto. Uma pena, pois a trama do filme era promissória. O relacionamento entre o menino talentoso e o grande escritor recluso poderia ter se tornado um filme muito mais interessante do que esse que acabou como Finding Forrester.
|