Magnolia
Magnolia é um filme com mais de três horas de duração, mas quando ele acaba, a expressão no rosto do público mostra um surpreso ‘Já?!’. Ninguém percebeu os minutos correndo no relógio, porque o voyeurismo de acompanhar as nove estórias que se desenrolam, se embaraçam, se resolvem, se interagem e se modificam ali na nossa frente, é delicioso!
O diretor Paul Thomas Anderson (de Boogie Nights) fez um trabalho de ‘tricot e costura’ a la Robert Altman (que já fez o mesmo com primor em Nashville e Short Cuts), com um capricho de artesão, contando com a ajuda de um elenco de estrelas.
Frank Mackey (Tom Cruise) é um guru do machismo que faz a vida dando seminários para um público masculino. O objetivo do seu trabalho é ensinar a seduzir, conquistar e dominar as mulheres. E o segredo do seu ódio está no pai, Earl Partridge(Jason Robards), um magnata morrendo de cancêr e remorsos, por ter abandonado a esposa e o filho no passado.
Linda Partridge(Julianne Moore)é a esposa jovem de Partridge, que casou-se com ele por dinheiro, mas agora amarga a dor de descobrir que realmente ama o marido moribundo. Ela quer anular o testamento de Earl que a favorece.
O drama dessa família se entrelaça com outros pequenos dramas, envolvendo o enfermeiro de Earl (Philip Seymour Hoffman, que está se revelando um ator de primeira), o policial sentimental, a filha de um grande apresentador de show de perguntas e respostas na televisão que foi molestada pelo pai e se tornou uma drogada, um menino prodígio explorado pelo pai, um ex-menino prodígio que culpa a exploração dos pais pelo seu fracasso como adulto, o apresentador de tv que descobre estar morrendo e quer se reconciliar com a filha, um menino negro que testemunha um crime e outros pequenos personagens, que são alinhavados pela linha da tragédia pessoal e encontram no final da jornada - depois de uma chuva de sapos sangrenta, caída do céu como um apocalipse - a redenção de seus traumas, frustrações, fraquezas e pecados. E tudo temperado por uma trilha sonora delicada, com músicas de Aimee Mann, que faz até as personagens cantarem: Save Me!
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