The Muse
The Muse é a nova comédia do ator e diretor Albert Brooks, que tenta de uma maneira delicada satirizar
o Hollywood-way-of-life. A idéia do filme é criativa e interessante, mas não consegue desenvolve-se
apropriadamente, deixando no ar uma estranha e incomoda sensação de que está faltando algo, ou que
tem algo sobrando.
A história é simples e singela, e de certa maneira podemos pensar que toda a trama é apenas uma
metáfora para a crise de criatividade que testemunhamos no cinema americano hoje. São tantas idéias
fantásticas que não funcionam na tela. Tantos milhões são gastos em produções chatas e pobres de
espirito. Então Hollywood põe suas esperanças no sobrenatural. Neste caso, numa ‘musa’, que seria a
solução para todas as crises dos roteiristas e diretores dos blockbusters americanos.
Albert Brooks dirige o filme e também interpreta a personagem principal – o roteirista Steven Phillips, que
após receber um prêmio humanitário cai em desgraça entre os produtores de Hollywood, que afirmam
que seus textos perderam a criatividade e o carisma. Ele fica desempregado e a beira de um ataque de
nervos.
Desesperado, Phillips procura um amigo – o produtor bem sucedido Jack Warrick (Jeff Bridges), que o
introduz a Musa, Sarah (Sharon Stone). Com seus poderes sobrenaturais de inspiradora, Sarah é a unica
que pode salvá-lo de sua crise profissinal.
Mas Phillips não tem a menor idéia de como a Musa trabalha e de pequenos detalhes sobre a sua
personalidade: ela é excêntrica, mandona, caprichosa e exigente. Suas necessidades terão que ter
prioridade e aos poucos ela vai invadindo a vida familiar de Phillips e mudando o status quo da família.
Os filmes de Brooks tem um estilo próprio, que não é unico ou inédito, mas que lembra as verborragias
de Woody Allen, sem as neuroses sexuais… Os diálogos e monólogos do filme (que são muitos!) tem
uma comicidade elegante, são inteligentes e bem colocados. Há cenas hilárias, como a que Phillips tenta
conversar com um convidado de sotaque italiano numa festa, ou a que ele encontra o diretor Martin
Scorsese no quintal de sua casa , buscando pela Musa.
O elenco de apoio tem a delicada Andie MacDowell, fazendo a esposa paciente e amorosa de Phillips, e
muitos fazendo o papel deles mesmos – James Cameron, Rob Reiner, Lorenzo Lamas, Jennifer Tilly,
Martin Scorsese.
Betsy Cox faz o costume designing para a Musa, que passeia pelos bairros requintados de Los Angeles
em trajes esvoaçantes e exóticos. Sharon Stone está lindíssima e fica fácil acreditar que ela é mesmo
uma das filhas de Zeus – Musa inspiradora em Hollywood. Se o filme se passasse em Paris, poderíamos
até ter um final mitológico e espiritualista. Mas that’s Hollywood, então não poderíamos esperar por um
final menos surreal… Vá ver para entender!
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