Time Code
Sai da frente "Magnólia", porque um novo filme chegou aos cinemas com o desafio de mudar a concepcão cinematográfica de tempo e espaço e dar outro enfoque às tradicionais estórias entrelaçadas. O diretor Mike Figgis (de "Leaving Las Vegas") é o responsável pelo filme inovador da temporada. Usando quatro câmeras digitais rodando ao mesmo tempo em locações diferentes por 90 minutos, sem roteiro, sem cortes ou edição e com o elenco improvisando o tempo todo, "Time Code" tem arrancado "ohs!"e "ahs!" da crítica americana que, como eu e você, já deve estar cansada de filmes contando a mesma estória, sempre do mesmo jeito.
E a estória de "Time Code" não tem nada de especial, muito pelo contrário: seria indigna de um roteiro de filme classe C, se não fosse pela maneira com que ela é mostrada na tela. Os problemas de relacionamento das várias personagens se cruzando pelas quatro câmeras são banais: um executivo de Hollywood sendo deixado pela esposa; uma atriz aspirante tentando conseguir um papel num filme e seduzindo o executivo para tal, traindo assim a sua amante ricaça que a vigia de dentro de uma limusine; um diretor procurando pela atriz perfeita para o seu filme; uma artista propondo um projeto revolucionário. Toda a estória gira em torno desse grupo de pessoas que entram e saem de uma produtora de filmes em Los Angeles. No meio dos tremores passionais dos ciúmes e das ambições, ainda sobra um papel extra para vários chacoalhões de terremotos que acontecem durante as filmagens: serão esses tremores sísmicos reais?
E vamos nos acostumando com o balanço e com as imagens das quatro câmeras, divididas em quatro pequenas telas, minimizando o espaço e maximizando a atenção, dentro da tela grande. Apesar da quantidade de informação, de diálogos e imagens, o focus da estória nunca se perde. A técnica de aumentar e diminuir o som das diferentes telas, nos ajuda a mudar a atenção de uma cena para a outra. Não é um filme com um primor de mensagem, mas é com certeza é um filme que vai marcar pelo caráter inovativo e pela audácia de contar uma estória banal de uma maneira realmente criativa.
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